Quando se encontram, brasileiros e argentinos normalmente conversam sobre Pelé e Maradona, Messi e Neymar, Dilma e Cristina, comparando supostos antagonismos. Deveriam mesmo é discutir quem tem a pior maconha.
Nas favelas do Brasil ou nas villas argentinas, a erva que se consegue é a mesma: o prensado ou paraguayo. A maior vingança do Paraguai aos países que assassinaram sua população em uma guerra covarde é a qualidade da maconha que vende a eles.
Pepe Mujica livrou os uruguaios desta sina com a política mais óbvia.
Enquanto o peruano e o boliviano fumam as mais puras flores por um preço bem honesto, seus vizinhos “desenvolvidos” estão gastando os pulmões e uma boa grana com um péssimo pelo.
No centro histórico de Cusco, um turista não caminha mais de dez minutos sem escutar “weed, my friend?”.
A Bolívia é um pouco mais conservadora, sobretudo ao sul de La Paz. Mesmo assim, o maconheiro esforçado consegue fazer bons negócios.
Passamos longe de conhecer todos os países da América do Sul, mas é difícil acreditar que em outras partes se fume algo parecido ao prensado paraguaio, melhor amigo de maconheiros brasileiros e argentinos. Se alguém tiver essa informação, fale aí nos comentários.
Já os gringos lá do norte fazem copas canábicas competindo pela excelência genética de suas plantas. É irônico que os Estados Unidos, que exportaram a política proibicionista aos vizinhos mais pobres, estejam agora na vanguarda da legalização.
Pior é saber que muitos anos devem passar até que o Brasil corra atrás desse prejuízo histórico, a julgar pelo conservadorismo mal cheiroso de seu Congresso. Antes fosse a má qualidade da maconha o pior efeito da sanguinária política que pode, em breve, mandar jovens de 16 anos em cana.
O debate é mais maduro na Argentina, embora pareça estar fora da pauta das eleições presidenciais deste ano, como aconteceu no Brasil, no ano passado. É provável que os dois países passem mais alguns anos tomando gols da Alemanha.
Obs. Sabemos que muita gente tem sua própria planta ou consegue comprar verdinhos por aí, apenas não é a regra.
Obs 2. Também sabemos que no Nordeste se consegue coisa muito melhor do que no Sul e no Sudeste.
A foto do prensadão em destaque é do parceiro Pedro Mariani, que também fez o documentário “Usuários” tratando do assunto: